FECLESC: 25 ANOS DE RESISTÊNCIA

Queridos amigos da FECLESC e de Quixadá

Há dias lemos no blog sobre as dificuldades que a querida FECLESC vem atravessando. Em quatro anos muita coisa mudou na FECLESC e na própria UECE. Sem querer fazer juizo de valor, podemos afirmar que a nossa Universidade sofreu muito por conta do descaso , da incompetência, do descompromisso e do desamor de seus dirigentes.

Particularmente, julgávamos superados os principais obstáculos com o reconhecimento de seus cursos e sua consolidação como Faculdade autônoma sem a tutela dos departamentos acadêmicos de Fortaleza.
Vivemos dificuldades infinitamente superiores as que hoje a FECLESC atravessa. Em dezembro de 1986 seus cursos foram cassados pelo Conselho Federal de Educação (atual Conselho Nacional de Educação). Tivemos que nos articular com todos os segmentos da Comunidade do Sertão Central para espantar de vez o fantasma de seu fechamento definitivo. Fizemos grandes mobilizações juntamente com as Faculdades co-irmãs de Itapipoca e Crateús. Na nossa luta valeu tudo, menos a barganha espúria e sem princípios. Articulamos politicamente nossa ofensiva. Pedimos e recebemos apoios importantes como o da querida e saudosa Rachel de Queiroz e da Secretária Executiva do Conselho Federal de Educação, profa. Eurides Brito. Estivemos duas vezes em Brasília. Na segunda vez fomos com a profa. Solnage Rosa (pró-Reitora de Graduação) e com o prof. José Vagno Mota (diretor de Crateús). Voltamos com a garantia dos cursos reconhecidos.

Mas o estrago já estava feito. O vestibular fora suspenso por dois anos. Nesse meio tempo alguns departamentos de Fortaleza aproveitaram para transferir por apadinhamento e arbitrariamente a maioria dos professores. Quando o vestibular retornou tinhamos apenas 22 dos 53 professores concursados e contratados para a Unidade Acadêmica de Quixadá. Foi uma nova luta para trazer de volta alguns desses professores. Boa parte foi para a justiça e sob falsas alegações conseguir liminar para permanecer em Fortaleza. A Administração Superior jamais tentou cassar tais liminares.

Alguns professores voluntariamente retornaram: profa. Glória Diógenes, prof. Guerra, prof. Israel. Outros se intrigaram conosco. Até ameaças físicas recebemos.

Com a criação da FECLESC nos Órgãos Colegiados e a aprovação de seu regimento elaborado em Quixadá e aprovado em assembléia geral, cortamos o cordão umbilical com os departamentos acadêmicos de Fortaleza.

Só ao final de nossa administração foi realizado o concurso público para 13 vagas. Com a nomeção de Paulo Petrola como Reitor, foram contratados mais de 20 novos professores efetivos e outros concursos foram realizados.

Hoje, retido em casa por problemas de saúde, começamos a refletir sobre o presente e o futuro da FECLESC. Há algo estranho acontecendo. No quadriênio passado mudou de diretor 3 vezes. O diretor eleito renunciou e o vice eleito também. Agora nos chega a notícia de que o vice-diretor se exonerou da UECE. É preocupante.
Mas, não é hora para desânimos. A comunidade do Sertão tem na FECLESC a instituição pioneira que fomentou as grandes mudanças políticas em Quixadá. É fundamental que todos se unam em torno daquele vigoroso bastião da luta pela cidadania e a dignidade do povo do Sertão.
Confessamos hoje a nossa tristeza, a nossa saudade e principalmente um certo sentimento de impotência por não poder aí estar mais uma vez empunhando as armas em defesa da querida FECLESC. Hoje sentimos saudades da FECLESC. Muitas saudades! Estamos aí espiritualmente. Solidário no momento difícil. Nossas preces para que ela supere mais esse grande desafio na luta pela sua digna sobrevivência.
O povo do Sertão aprendeu a lutar. Esse mesmo povo que um dia ajudou a construir um sonho e que soube se reunir para impedir o fechamento da FECLESC há de se organizar e espantar de vez esse novo pesadelo. À LUTA GENTE HERÓICA DO SERTÃO.
Gilberto Telmo Sidney Marques - prof. concursado da FECLESC.
Nas fotos(1) Fachada da FECLESC e vista dos laboratórios que construimos com doações do povom do Sertão e onde hoje está indebitamente alojado o CVT (2) Maio de 1989 ato púplico na Praça da Catedral e Assembléia com a presença do prefeito Dr. Mesquita, do Reitor Perípedes e do bispo D. Adélio entre outros, na luta pela contratação de professores. (3) O pioneiro e inspirado criador da FECLESC quase esquecido e desconhecido das novas gerações e nós com Cristiano Gois e nossa madrinha escritora Rachel de Queiroz.

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