A VESTAL DO SUPREMO: GILMAR MENDES O PALADINO DA INCOERÊNCIA.

Ilicitude em abstrato
"Por que o presidente do Supremo não diz nada sobre o financiamento público para fazendeiros e entidades ruralistas que mantêm trabalhadores em regime de escravidão, grilam terras públicas, desmatam e poluem o ambiente – ainda assassinam de freiras até fiscais do trabalho? Acho que Gilmar Mendes deveria ficar calado e pronunciar-se apenas nos autos de processos." (João Humberto Venturini).

Tem bastante significado o questionamento do leitor de Piracicaba na Folha de São Paulo deste sábado (28). É que o ministro falastrão vem mostrando crescente entusiasmo com os holofotes da mídia e tenta se arvorar em porta-voz da oposição ao governo Lula, assumindo uma tarefa que lamentavelmente foi desmoralizada pelo demo-tucanato e pela equivocada inclinação política da mídia brasileira.

A grande mídia tenta mostrar um Gilmar com a estatura de árbitro das grandes questões nacionais, logo ele que não consegue passar de um juiz provincial de boca torta, pelo vício do cachimbo de falcatruas quando servia ao governo FHC, amplamente denunciadas pelo professor Dalmo Dallari. Naquele tempo, dava os “jeitinhos”, recursos que ainda usa hoje, pelo que foi advertido por seu colega, ministro Joaquim Barbosa.

Ao condenar como “ilegal” o repasse de verbas públicas a entidades ligadas à reforma agrária, por suposto financiamento de ocupações de terras socialmente improdutivas ou griladas, o ministro Mendes deveria também condenar o grande despejo de verbas públicas, do INCRA, do FNDE e do MTE, para as entidades (OCB e SRB) ligadas aos grandes produtores rurais e à Confederação Nacional da Agricultura.

Os movimentos sociais acusam essas entidades de financiarem, com dinheiro público, a defesa do regime de escravidão no campo, grilagens de terras públicas, abrangendo agressões ao meio ambiente e assassinatos e ameaças a agentes governamentais e lideranças comunitárias ligadas à reforma agrária, fatos que vêm ocorrendo com preocupante freqüência. Violência inspirada na Ku klux klan dos anos 60 nos EUA.

Mas a grande mídia – como Gilmar – somente vê violência na ocupação das terras, que por conveniência omite o fato de serem griladas ou socialmente improdutivas. Chamam os grileiros de “fazendeiros” ou “arrozeiros”, e seus capangas de “seguranças”. Os trabalhadores sem-terra são invariavelmente taxados de “arruaceiros”, por exibirem instrumentos de trabalho, foice, enxada, pá, em suas manifestações.

Razões sobram ao ministro Paulo Vannuchi (Correio Braziliense deste sábado, 28) que viu com preocupações o "convencimento equivocado" do presidente do Supremo sobre um movimento social como o MST. “Em tese, ele (Mendes) será chamado a proferir sentença neste tema”. E quem vai julgar não pode ter convencimento prévio e público da matéria. Qualquer juiz de aldeia sabe disso. Só não sabe Gilmar.

Autor: H.S.Liberal


Comentário nosso: Não seria mais oportuno o boquirroto ministro tratar de arrumar melhor sua própria casa, o STF? Juiz deve manifestar publicamente sobre suas opções preferenciais pela direita e pelo retorno do passado ou então antecipar, pela imprensa, seu voto (como no caso de condenar o uso de algemas para bandidos do colarinho branco)?

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