José de Abreu: 'Melhor ser papagaio de pirata que pirata sem papagaio


INTERNAUTAS
Leiam o que escreveu José de Abreu sobre as provocações que lhe fizeram porque estava no palanque da vitória.
No momento seguinte ao da vitória de Dilma Rousseff na eleição presidencial, um ator quase roubou a cena da nova presidente da República. Todo mundo viu na televisão o primeiro discurso da presidente eleita, e ninguém conseguia entender a presença de José de Abreu no palanque. Daí para a fama de papagaio de pirata, foi um pulo. Aqui, em artigo exclusivo para o blog, José de Abreu conta o que fazia no palanque.

Sobre Piratas, Papagaios, Torturas e Torturados

José de Abreu

"A melhor piada foi do músico Leoni, que me lançou como protagonista do filme 'O Papagaio d'Os Piratas do Caribe'.

E a pior, exatamente de um humorista, o Gregório Duvivier, que lançou meu nome (ainda bem que foi apenas o nome, não eu) para o Ministério da Figuração, logo eu que vivo fazendo novela das oito.

A verdade é que, naquele momento, quando tiraram os outros papagaios do palco e eu ia descer, uma mão firme me segurou, um olhar carinhoso cruzou com o meu e me senti estimulado a ficar. E fiquei.

Eu estava entre amigos, lutadores, como eu, da boa luta. E vitoriosos numa batalha onde golpes baixos eram lançados a toda hora, um aborto na canela, uma homofobia nas partes pudendas, um bispo protetor de pedófilo pisando no dedão... Terrorista, ladra, assassina, era o que se dizia dela, minha companheira de luta contra a ditadura, que de branda nada tinha. E tome machismo, preconceito, baixarias.

Estava feliz e emocionado, a lembrar dos censurados, dos torturados, dos assassinados pelo terror de Estado.

E pensei:
- Melhor ser papagaio de pirata que pirata sem papagaio."

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