Notícia da Folha de São Paulo de quarta feira, dia 27 de fevereiro de 2008
Frase:
"Não tenho internet. Comecei a estudar com livros do meu irmão. Agora estudo com livros emprestados da escola. Todo mundo está me apoiando. Meu irmão foi medalhista de bronze estadual no ano passado. Quem me matriculou foi o diretor da escola, que soube da minha história"
RICARDO OLIVEIRA DA SILVA vencedor do ouro nas Olimpíadas Brasileiras de Matemática das Escolas Públicas
27/02/2008 - 09h05
Alfabetizado pela mãe, garoto ganha ouro em matemática
27/02/2008 - 09h05
Alfabetizado pela mãe, garoto ganha ouro em matemática
da Folha de S.Paulo, no Rio
Nas estatísticas, a presença de Ricardo Oliveira da Silva, 19, na sétima série do ensino fundamental contribui para a alta defasagem escolar --repetência-- no país. No mundo real, é a história de um vencedor.Vítima de amiotrofia espinhal (doença neurológica que causa a atrofia da medula espinhal e fraqueza muscular), Ricardo foi condecorado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ontem, no Teatro Municipal do Rio, com sua segunda medalha de ouro nas Olimpíadas Brasileiras de Matemática das Escolas Públicas, ocorrida no ano passado, um galardão destinado aos 300 melhores do país, numa disputa que envolveu 17,5 milhões de estudantes.
Ricardo, que vive em Várzea Alegre (CE), a 467 km de Fortaleza, foi alfabetizado pela mãe, a dona de casa Francisca Antônia da Conceição, 45, que cursou só até a sexta série. Ela lhe ensinou regras de português e as quatro operações básicas de matemática (soma, diferença, multiplicação e divisão).
"Não tenho internet. Comecei a estudar com livros do meu irmão. Agora estudo com livros emprestados lá da escola. Meu irmão foi medalhista de bronze estadual no ano passado. Quem me matriculou foi o diretor da escola, que soube da minha história e foi me procurar", conta em tom de voz baixo, parte por timidez, parte pelas dificuldades motoras causadas por sua doença, que o obriga a usar cadeira de rodas.
Atualmente, para fazer as provas na escola municipal Joaquim Alves de Oliveira, seu pai precisa carregá-lo por cerca de 1 km em um carrinho de mão. As professoras levam matérias e exercícios a sua casa.
Ricardo vive em um pequeno sítio cujo acesso é apenas por estrada de barro e pedra. Sua família sobrevive com plantação de arroz, feijão e milho --para subsistência--, R$ 100 da bolsa de iniciação científica que ganha devido às olimpíadas e R$ 76 do Bolsa Família.
A Prefeitura de Várzea Alegre não oferece condução para Ricardo freqüentar o colégio. "Quando chove fica impossível andar por ali", diz o pai, Joaquim Oliveira da Silva, 43.
As medalhas de ouro lhe garantem ainda aulas particulares com o professor de matemática Valberto Rômulo Feitosa, 33. "Ele consegue, com livros simples, criar teorias matemáticas. É uma honra dar aula para um aluno como ele."
Nas estatísticas, a presença de Ricardo Oliveira da Silva, 19, na sétima série do ensino fundamental contribui para a alta defasagem escolar --repetência-- no país. No mundo real, é a história de um vencedor.Vítima de amiotrofia espinhal (doença neurológica que causa a atrofia da medula espinhal e fraqueza muscular), Ricardo foi condecorado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ontem, no Teatro Municipal do Rio, com sua segunda medalha de ouro nas Olimpíadas Brasileiras de Matemática das Escolas Públicas, ocorrida no ano passado, um galardão destinado aos 300 melhores do país, numa disputa que envolveu 17,5 milhões de estudantes.
Ricardo, que vive em Várzea Alegre (CE), a 467 km de Fortaleza, foi alfabetizado pela mãe, a dona de casa Francisca Antônia da Conceição, 45, que cursou só até a sexta série. Ela lhe ensinou regras de português e as quatro operações básicas de matemática (soma, diferença, multiplicação e divisão).
"Não tenho internet. Comecei a estudar com livros do meu irmão. Agora estudo com livros emprestados lá da escola. Meu irmão foi medalhista de bronze estadual no ano passado. Quem me matriculou foi o diretor da escola, que soube da minha história e foi me procurar", conta em tom de voz baixo, parte por timidez, parte pelas dificuldades motoras causadas por sua doença, que o obriga a usar cadeira de rodas.
Atualmente, para fazer as provas na escola municipal Joaquim Alves de Oliveira, seu pai precisa carregá-lo por cerca de 1 km em um carrinho de mão. As professoras levam matérias e exercícios a sua casa.
Ricardo vive em um pequeno sítio cujo acesso é apenas por estrada de barro e pedra. Sua família sobrevive com plantação de arroz, feijão e milho --para subsistência--, R$ 100 da bolsa de iniciação científica que ganha devido às olimpíadas e R$ 76 do Bolsa Família.
A Prefeitura de Várzea Alegre não oferece condução para Ricardo freqüentar o colégio. "Quando chove fica impossível andar por ali", diz o pai, Joaquim Oliveira da Silva, 43.
As medalhas de ouro lhe garantem ainda aulas particulares com o professor de matemática Valberto Rômulo Feitosa, 33. "Ele consegue, com livros simples, criar teorias matemáticas. É uma honra dar aula para um aluno como ele."
Ontem, na cerimônia de entrega das medalhas para os 300 melhores alunos das Olimpíadas Brasileiras de Matemática das Escolas Públicas, Ricardo foi ovacionado pela platéia do Teatro Municipal do Rio. Ao fazer o discurso final do evento, o presidente Lula pediu que o estudante ficasse a seu lado e o citou como exemplo para os demais alunos.
"O Ricardo diz que quer fazer um curso superior e seguir a carreira na área de ciências exatas, matemática ou computação, se o [banco] Itaú der um computador. Ele sonha ajudar o país com seus conhecimentos e diz que, hoje, é o Brasil que está lhe ajudando, mas, amanhã, pode ser ele que esteja ajudando o Brasil", afirmou o presidente Lula.
"A deficiência física não atrapalha, o que conta é o talento e o esforço. Todo mundo tem algum defeito. Algumas pessoas parecem perfeitas, mas têm defeitos muito graves como a preguiça e o desinteresse, por exemplo", declarou.
A referência ao banco Itaú foi uma cobrança bem-humorada feita por Lula --e, anteriormente, também pelo governador Sérgio Cabral-- pelo fato de o banco, parceiro do governo também na organização da primeira Olimpíada de Língua Portuguesa, ter distribuído laptops apenas aos alunos vencedores da olimpíada por três anos seguintes. Ambos sugeriram ao banco que, da próxima vez, premie os 300 alunos que receberam medalhas, e não apenas os tricampeões.
"Diga-se de passagem, com o lucro que o Itaú está tendo, isso não vai custar nada", disse o presidente.
"O Ricardo diz que quer fazer um curso superior e seguir a carreira na área de ciências exatas, matemática ou computação, se o [banco] Itaú der um computador. Ele sonha ajudar o país com seus conhecimentos e diz que, hoje, é o Brasil que está lhe ajudando, mas, amanhã, pode ser ele que esteja ajudando o Brasil", afirmou o presidente Lula.
"A deficiência física não atrapalha, o que conta é o talento e o esforço. Todo mundo tem algum defeito. Algumas pessoas parecem perfeitas, mas têm defeitos muito graves como a preguiça e o desinteresse, por exemplo", declarou.
A referência ao banco Itaú foi uma cobrança bem-humorada feita por Lula --e, anteriormente, também pelo governador Sérgio Cabral-- pelo fato de o banco, parceiro do governo também na organização da primeira Olimpíada de Língua Portuguesa, ter distribuído laptops apenas aos alunos vencedores da olimpíada por três anos seguintes. Ambos sugeriram ao banco que, da próxima vez, premie os 300 alunos que receberam medalhas, e não apenas os tricampeões.
"Diga-se de passagem, com o lucro que o Itaú está tendo, isso não vai custar nada", disse o presidente.
Perguntinha do blog: Você sabe o que é resiliencia?
Resiliência? O que é isso?
Está sendo bastante comum escutar nas empresas, nas escolas e a imprensa falar de que temos que ser resilientes. E os resilientes são aqueles que são capazes de vencer as dificuldades, os obstáculos, por mais fortes e traumáticos que elas sejam. Pode ser desde um desemprego inesperado, a morte de um parente querido, a separação dos pais, a repetência na escola ou uma catástrofe como um tsunami. Aliás, já se encontram muitos livros abordando o assunto como o Resiliência: descobrindo as próprias fortalezas, organizado por Aldo Melilo e Elbio Nestor Suárez Ojeda. Nesse e noutros livros e artigos encontramos os autores relatando que o conceito de resiliência passou de uma fase de “qualidades pessoais”, até ao conceito mais atual de compreendê-la como um atributo da personalidade desenvolvido no contexto psico-sócio-cultural em que as pessoas estão inseridas. E desde os anos 80 a escola tem sido vista como um desses ambientes, por excelência, para haver o enriquecimento da resiliência.
Está sendo bastante comum escutar nas empresas, nas escolas e a imprensa falar de que temos que ser resilientes. E os resilientes são aqueles que são capazes de vencer as dificuldades, os obstáculos, por mais fortes e traumáticos que elas sejam. Pode ser desde um desemprego inesperado, a morte de um parente querido, a separação dos pais, a repetência na escola ou uma catástrofe como um tsunami. Aliás, já se encontram muitos livros abordando o assunto como o Resiliência: descobrindo as próprias fortalezas, organizado por Aldo Melilo e Elbio Nestor Suárez Ojeda. Nesse e noutros livros e artigos encontramos os autores relatando que o conceito de resiliência passou de uma fase de “qualidades pessoais”, até ao conceito mais atual de compreendê-la como um atributo da personalidade desenvolvido no contexto psico-sócio-cultural em que as pessoas estão inseridas. E desde os anos 80 a escola tem sido vista como um desses ambientes, por excelência, para haver o enriquecimento da resiliência.
Pois é o Ricardo de Várzea Alegre é um resiliente e faz parte do Brasil que dá certo.
Boa semana para todos!
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