AMIGOS QUIXADAENSES
A imortal FACULDADE DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E LETRAS DO SERTÃO CENTRAL -FECLESC - a Faculdade de Quixadá de tantas lutas e tantas conquistas deve a sua sobrevivência digna a um punhado de professores abnegados, aos combativos estudantes da época turbulenta - os anos 80 - aos seus dedicados funcionários e a inúmeros colaboradores das comunidades do Sertão Central. Ao tentar resgatar sua história vamos homenagear, nesta postagem, o amigo e companheiro de lutas Carlos Jacinto, um dos grandes baluartes da luta pelo reconhecimento e pela criação das licenciaturas plenas em Ciências. O artigo abaixo foi publicado no jornal O POVO em 14 de maio de 2005.
Cadê a chuva Carlos Jacinto?
Gilberto Telmo Sidney Marques
EX-PROFESSOR e EX-Conselheiro da Uece
[14 Maio 16h57min 2005]
Na década de 60, através do pesquisador João Ramos, o Ceará tornou-se pioneiro na técnica de bombardeamento de nuvens, vencendo a incredulidade de muitos e obtendo resultados satisfatórios. Agora o avião da FUNCEME foi doado à UECE encontrando-se sob a tutela dos jovens e brilhantes professores do Curso de Física liderados pelo prof. Carlos Jacinto, um companheiro e cúmplice de memoráveis batalhas.
Conhecemos Jacinto na sofrida batalha pela nossa contratação para o quadro de professores efetivos da UECE. Aprovados em concurso público em 1983, tivemos de lutar muito pela nossa expectativa de direito: só fomos admitidos na UECE em 1986, na prorrogação. A partir de então abraçamos a luta pelo reconhecimento dos cursos da Faculdade de Educação, Ciências e Letras do Sertão Central (FECLESC) de Quixadá. Vencemos! Trabalhamos a criação da Faculdade e sua aprovação nos Conselhos Superiores da UECE. Mais uma vitória! Criamos as coordenações e os departamentos da FECLESC e Carlos Jacinto foi o primeiro coordenador e depois o primeiro chefe de departamento do Curso de Ciências da FECLESC. Na transformação da incipiente licenciatura curta de ciências, herança medíocre da ditadura, Jacinto - juntamente com Miguel Leitão e José Maildo Nunes - mais uma vez esteve presente e seu projeto curricular foi decisivo.
Transferido para Fortaleza, instigou o Departamento de Física e Química da UECE a substituir as ultrapassadas licenciaturas curtas por licenciaturas plenas a exemplo do que ocorrera em Quixadá. Paralelamente a essas lutas, Carlos Jacinto se qualificou cursando o mestrado e posteriormente o doutorado e agora cuida de Física das nuvens. Nunca deixou de ouvir gozações. O querido prof. Paulo Rouquayrol, disse-me uma vez que ''só gostaria de se aposentar quando visse o Jacinto fazer chover''. A tal ''expulsória'' chegou antes e, implacável, privou-nos do nosso decano. Há alguns anos Jacinto aceitou o desafio - o maior de sua vida - de administrar o inadministrável Projeto Magister, um convênio da SEDUC com a UECE e Prefeituras Municipais para qualificar professores. Um esforço sobre-humano o levou a cruzar o Ceará inteiro e, a despeito do não cumprimento dos acordos firmados com algumas prefeituras, o programa cumpriu seu desiderato. Nessa tarefa, sobraram para o Jacinto, a ausência do lar, as canseiras, as preocupações, os cabelos prematuramente embranquecidos e, quem sabe, o reconhecimento algum dia...
Jacinto agora está de volta para suas nuvens. Não obstante o título deste artigo, não estou cobrando nada. Carlos Jacinto já fez chover muito. Sobre sua própria cabeça, a neve do tempo. Fez chover também no Sertão Central ao contribuir decisivamente para a consolidação da FECLESC. Fez chover no Itapery com a implantação das licenciaturas plenas e, recentemente, com a criação do mestrado em Física. Fez chover enfim, em todo o território do Ceará na missão impossível de coordenar o Magister levando a esperança, o conhecimento e o alento para milhares de professores da rede pública e fazendo cumprir o dístico da Uece ''Lumen Ad Viam''
Valeu Jacinto! Um grande abraço.
Na década de 60, através do pesquisador João Ramos, o Ceará tornou-se pioneiro na técnica de bombardeamento de nuvens, vencendo a incredulidade de muitos e obtendo resultados satisfatórios. Agora o avião da FUNCEME foi doado à UECE encontrando-se sob a tutela dos jovens e brilhantes professores do Curso de Física liderados pelo prof. Carlos Jacinto, um companheiro e cúmplice de memoráveis batalhas.
Conhecemos Jacinto na sofrida batalha pela nossa contratação para o quadro de professores efetivos da UECE. Aprovados em concurso público em 1983, tivemos de lutar muito pela nossa expectativa de direito: só fomos admitidos na UECE em 1986, na prorrogação. A partir de então abraçamos a luta pelo reconhecimento dos cursos da Faculdade de Educação, Ciências e Letras do Sertão Central (FECLESC) de Quixadá. Vencemos! Trabalhamos a criação da Faculdade e sua aprovação nos Conselhos Superiores da UECE. Mais uma vitória! Criamos as coordenações e os departamentos da FECLESC e Carlos Jacinto foi o primeiro coordenador e depois o primeiro chefe de departamento do Curso de Ciências da FECLESC. Na transformação da incipiente licenciatura curta de ciências, herança medíocre da ditadura, Jacinto - juntamente com Miguel Leitão e José Maildo Nunes - mais uma vez esteve presente e seu projeto curricular foi decisivo.
Transferido para Fortaleza, instigou o Departamento de Física e Química da UECE a substituir as ultrapassadas licenciaturas curtas por licenciaturas plenas a exemplo do que ocorrera em Quixadá. Paralelamente a essas lutas, Carlos Jacinto se qualificou cursando o mestrado e posteriormente o doutorado e agora cuida de Física das nuvens. Nunca deixou de ouvir gozações. O querido prof. Paulo Rouquayrol, disse-me uma vez que ''só gostaria de se aposentar quando visse o Jacinto fazer chover''. A tal ''expulsória'' chegou antes e, implacável, privou-nos do nosso decano. Há alguns anos Jacinto aceitou o desafio - o maior de sua vida - de administrar o inadministrável Projeto Magister, um convênio da SEDUC com a UECE e Prefeituras Municipais para qualificar professores. Um esforço sobre-humano o levou a cruzar o Ceará inteiro e, a despeito do não cumprimento dos acordos firmados com algumas prefeituras, o programa cumpriu seu desiderato. Nessa tarefa, sobraram para o Jacinto, a ausência do lar, as canseiras, as preocupações, os cabelos prematuramente embranquecidos e, quem sabe, o reconhecimento algum dia...
Jacinto agora está de volta para suas nuvens. Não obstante o título deste artigo, não estou cobrando nada. Carlos Jacinto já fez chover muito. Sobre sua própria cabeça, a neve do tempo. Fez chover também no Sertão Central ao contribuir decisivamente para a consolidação da FECLESC. Fez chover no Itapery com a implantação das licenciaturas plenas e, recentemente, com a criação do mestrado em Física. Fez chover enfim, em todo o território do Ceará na missão impossível de coordenar o Magister levando a esperança, o conhecimento e o alento para milhares de professores da rede pública e fazendo cumprir o dístico da Uece ''Lumen Ad Viam''
Valeu Jacinto! Um grande abraço.
Nota do blog:
Carlos Jacinto de Oliveira | |
é bacharel em Física pela Universidade Federal do Ceará (1978), mestre em Física pela Universidade Federal do Ceará (1991) e doutor em Física pela Universidade Federal do Ceará (1998).... |
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