AMIGOS DO SERTÃO CENTRAL
Este artigo foi publicado no jornal O POVO por ocasião da comemoração dos vinte anos da inauguração da imortal FECLESC.
FECLESC 20 ANOS: NÓS TAMBÉM FAZEMOS
PARTE DESSA HISTÓRIA
A História é testemunha do passado, luz da verdade, vida
da memória, mestra da vida, anunciadora dos tempos antigos (Cícero, político e
orador romano – De Oratore)
Ao comemorarmos vinte anos de vida produtiva
da FACULDADE DE EDUCAÇÃO CIENCIAS E LETRAS DO SERTÃO CENTRAL, aflige-nos uma
preocupação suscitada por alguns trabalhos recentes de professores, estudantes
e pessoas da comunidade que cuidam da sua história. Sob diferentes olhares,
foram escritos alguns relatos e algumas avaliações. Há quem credite o
surgimento da Unidade Acadêmica Quixadá às condições objetivas, aspectos
circunstanciais ou a uma espontânea arrancada da expansão e da interiorização
do ensino superior. O reconhecimento dos cursos decorreria de ingerências de
caráter pessoal e afetivo junto ao Conselho Federal de Educação. A criação da
Faculdade nos Colegiados Superiores, a elaboração e a aprovação do seu
regimento seriam apenas gestos de magnanimidade da Administração Superior.
Não negamos os apoios eventualmente
costurados e obtidos por nós, pois fizeram parte de nossa estratégia. Queremos
apenas que sejam registrados na sua verdadeira dimensão. O matreiro político
mineiro José Maria Alckmin dizia que mais importante que o fato é a versão. E
alguém, mais contundente, iria além ao afirmar que “nem Deus pode mudar o
passado, mas, alguns historiadores mudam”. Em nome da justiça e do resgate da
verdade lançamos aqui um repto aos que escrevem a história da FECLESC e que
estavam ausentes na hora do sofrimento. Procurem seus personagens, seus atores,
quase todos vivos e lúcidos. Entrevistem-nos. Pesquisem nos jornais de
Fortaleza, nos arquivos bem organizados da FECLESC, observem as fotografias,
leiam os ofícios, os informativos, os relatórios de atividades de 1987 a 1992 e os anais da
PROEX.
Não há como confundir fatos tão
recentes e tão vivos na memória. Não há como negar a participação marcante dos
pioneiros da comunidade como o prefeito Aziz Baquit, o deputado Everardo
Silveira, o Sr. Joaquim Gomes da Silva, -Quinzinho - e tantos outros. Como
minimizar a contribuição inspirada e criativa do professor Luis Oswaldo, o
fundador da FECLESC? Como tentar apagar os rastros dos primeiros coordenadores
voluntários Carlos Jacinto, Ivone Cordeiro e Vânia Facó? Como esquecer os
pioneiros professores Miguel Leitão, José Maildo, Josete Castelo Branco,
Socorro Lucena, Belisa Veloso, Glória Diógenes, Laudícia e William Guimarães
que foi diretor pró-tempore e lá permaneceu durante 19 anos? Como obscurecer o
trabalho da inesquecível e querida Verônica de Paula? Como esquecer o trabalho de tantos outros
devotados colegas? Como esquecer a participação efetiva dos funcionários Dilia,
Rosália, Carmen, Ana Lúcia, Maria, Cieda, Sr. Paiva, Sr. Pinheiro e os demais?
Como ignorar a coragem das lideranças estudantis dos Centros Acadêmicos de
História, Pedagogia e Ciências representadas por Miguel Peixoto, Francisca
Nobre, Cristiano Góes, Evaneusa Vidal, Carlos Osmar, Ricardo Carneiro, Mary
Sindeaux, João Álcimo, Chiquinho Saraiva, Mazé Almeida, Joana Adelaide,
Calistamar,José Enídio, Rinaldo Roger e tantos outros?
Participamos de muitas articulações.
Discutimos exaustivamente todas as nossas questões em assembléias gerais com a
comunidade do Sertão, porque essa era nossa prática. Fomos às ruas em passeata
para sensibilizar a comunidade quixadaense que nunca nos faltou com o apoio.
Por duas vezes ocupamos literalmente espaços do Itaperi com professores e
estudantes da FECLESC reivindicando concurso para docentes e respeito à
Instituição. Transformamos o CEPE e o CONSU na nossa tribuna privilegiada.
Quando foi necessário e oportuno denunciamos o desinteresse, as perseguições e
o boicote da Administração Superior da UECE e do governo do Estado através da
grande imprensa onde fomos noticia por mais de 80 vezes no período (1986-1992).
Na hora precisa negociamos com altivez e saímos vencedores. A nossa luta baniu
as expectativas pessimistas, assegurou o reconhecimento dos cursos e a
construção dos laboratórios (com recursos angariados na região e depois com a
contribuição do governo do Estado), criou a Faculdade nos Órgãos Colegiados da
UECE e lá provocou a aprovação do regimento que nós mesmos elaboramos e votamos
em assembléia geral. Em quatro anos executamos mais atividades de extensão que
todas as demais unidades da UECE. Em Quixadá fortalecemos a interiorização
criando os Encontros das Faculdades do Interior e os Jogos Universitários da
UECE...
A FECLESC no seu tempo de implantação
e consolidação jamais barganhou a sobrevivência usando como moeda de troca a
subserviência ou os acordos espúrios. A superação de entraves na fase mais
difícil não é decorrência da generosidade, do voluntarismo, da determinação
pessoal de nenhuma iluminada autoridade. É conseqüência natural do comprometimento,
da luta sem tréguas de um punhado de funcionários, de uns poucos professores e
de muitos estudantes e membros da comunidade do Sertão Central, irmanados pelo
sentimento de defesa de seu maior patrimônio, espaço de construção da
cidadania. A luta de seus pioneiros, uma grande empreitada pedagógica, legado
exemplar para a posteridade, garantiu-lhe a credibilidade, tornando-a imbatível
e imortal. A despeito de versões aligeiradas, desinformadas e personalistas, da
tentativa frustrada de manipulação de fatos e das interpretações equivocadas do
processo de construção da FECLESC, a História e a memória da gente valorosa e
digna do Sertão, certamente farão justiça aos seus verdadeiros protagonistas.
Gilberto Telmo Sidney Marques -
Professor e ex-diretor da FECLESC
Carta ao editor do jornal do Leitor sr. José Raimundo Costa já falecido.
PREZADO
SR. COSTA
Em
primeiro lugar cumprimento-o desejando um FELIZ ANO NOVO pleno de muitas
realizações. Estou enviando uma terceira versão do artigo FECLESC 20 ANOS: NÓS
TAMBÉM FAZEMOS PARTE DESSA HISTÓRIA.
O Sr.
já deve ter percebido o meu interesse na publicação deste artigo. Trata-se de
homenagear uns poucos pioneiros que muito fizeram pela consolidação da
Faculdade de Educação, Ciências e Letras do Sertão Central (FECLESC) e que
hoje, de maneira injusta, estão sendo esquecidos pelos “historiadores”. Tenho
insistido pois quero resgatar uma dívida impagável.
Compreendendo
sua preocupação com o espaço precioso do Jornal do Leitor, reestruturei o
artigo. Diminui para 59 linhas. A fonte que uso é ainda menor que a usada pelo
Jornal O POVO.
Diante
desse esforço, solicito encarecidamente a manutenção do texto integral com a
citação inicial de Cícero e, conforme o
entendimento anterior a sua publicação no dia 12.01.2003.
Agradeço
mais uma vez a sua generosa compreensão
Fortaleza,
3
de janeiro de 2003
ATENCIOSAMENTE
GILBERTO TELMO
SIDNEY MARQUES
R.G.
9.303.254 - Matrícula: 2005-1-4 (UECE)
Endereço: Rua
Osório Palmella, 200 ap. 1202. - Bairro Varjota
60.150-200 –
Fortaleza – Ceará- fones: 267-2306 e 9998-7667
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