O GRANDE DEBATE OU ONDE ESTÃO AS AVESTRUZES?
A entrada em cena de personalidades como o bispo d. Capio e atrizes do porte de Letícia Sabatela (cuja militância política era desconhecida até então) e Osmar Prado (também sem tradição de lutas populares) está dando visibilidade aos protestos contra a transposição das águas do Rio São Francisco. Do outro lado (a favor) ocorrem manifestações isoladas. O grande debate está ocorrendo na mídia. Os políticos cearenses da bancada federal estão silentes. O governador, idem. Imitando as avestruzes que na hora do perigo enfiam a cabeça no buraco, deputados federais e senadores não tem ocupado espaços na grande imprensa para defender a transposição. Até um ex-governador e atual senador que "criou" no discurso, e quem sabe no papel, um projeto de "interligação de bacias" (?). Cadê esse pessoal de discurso fácil e fluente e, às vezes, convincente nos palanques eleitorais? Estarão essas pessoas acovardadas e intimidadas ante o gesto insensato do bispo equivocado? Ou temem perder dividendos no próximo pleito eleitoral para presidente onde desponta como candidato de consenso o sr. Ciro Gomes?
Diferentemente das avestruzes, o blog O TORTO está comprando essa briga. Promove o debate salutar sobre a transposição, sem partir de falsas premissas, contendo sentimentos e preferências, mas dando vazão a uma cobrança na postura de quem de "direito".
Ninguém pode ficar fora desse grande debate. A omissão será um tanto mais grave que a exposição sincera de dúvidas, questionamentos para que a opinião construída de forma ,madura e isenta.
Como nordestinos, é nosso dever dar visibilidade ao grande questionamento do momento. Esperamos que muito explicitem aqui suas apreensões, suas dúvidas, suas convicções e contribuam neste grande debate nacional. A hora é essa. Depois do "consumatum est" será tarde demais.
Participar do debate é um imperativo do verdadeiro exercício da própria cidadania.
Leiam agora o artigo reproduzido do Jornal O POVO de 20 de dezembro de 2007
ARTIGO
Fome sem greve
Valmir Pontes Filho
http://www.opovo.com.br/opovo/opiniao/753527.html
20/12/2007 00:55
Um mês e meio atrás, viajando pela BR 222 em direção a Fortaleza, assisti a uma cena que me deixou chocado. Uma senhora de aspecto envelhecido se dirigia, latas à mão, a um barreiro onde restava estocado um pouco d'água. Pude nitidamente perceber que se tratava de um líquido de cor escura, de que se serviam dois caprinos magérrimos, mas de onde essa senhora também retirou o que precisava. Certamente essa água, se é que assim se pode chamar aquilo, não seria usada para um banho. Isto seria um luxo impensável naquele ambiente de miséria absoluta, provocada pela seca implacável. Ela serviria, sim, para beber e cozinhar, se é que houvesse algo a ser cozinhado. Fiquei a imaginar, no conforto do ar-condicionado do veículo onde estava, o ambiente de fome e de sede em que a dita senhora - uma notória não-cidadã - se achava, certamente ao lado dos seus filhos menores. Todos embrutecidos e abaixo da linha mínima da dignidade humana. Essa dramática situação talvez estivesse diminuída, ou mesmo eliminada, caso o Governo Federal, buscando reduzir a pobreza e as desigualdades sociais e regionais (CF, art. 3º, III), já tivesse concluído a transposição do Rio São Francisco. Suas águas, ao invés de irem para o Atlântico, estariam, literalmente, a salvar milhões de nordestinos que, como aquela senhora, sentem fome e sede brutais. E o sentem sem ter deflagrado greve! Mas não. Por conta de pressões desarrazoadas, senão desatinadas - como a feita, pasmem todos, por um Bispo católico - novamente as obras são paralisadas, agora por conta de liminar de um Juiz federal da Bahia. Sinceramente, não me comove a "greve de fome" do Bispo, cuja ânsia por celebridade é inegável. Já ao Sr. Juiz, ouso sugerir que ele prove do líquido do barreiro e reveja sua decisão. Valmir Pontes Filho - Advogado e professor de Direito
Nosso comentário no jornal O POVO de 20/12/2007
Fome sem greve
Valmir Pontes Filho
http://www.opovo.com.br/opovo/opiniao/753527.html
20/12/2007 00:55
Um mês e meio atrás, viajando pela BR 222 em direção a Fortaleza, assisti a uma cena que me deixou chocado. Uma senhora de aspecto envelhecido se dirigia, latas à mão, a um barreiro onde restava estocado um pouco d'água. Pude nitidamente perceber que se tratava de um líquido de cor escura, de que se serviam dois caprinos magérrimos, mas de onde essa senhora também retirou o que precisava. Certamente essa água, se é que assim se pode chamar aquilo, não seria usada para um banho. Isto seria um luxo impensável naquele ambiente de miséria absoluta, provocada pela seca implacável. Ela serviria, sim, para beber e cozinhar, se é que houvesse algo a ser cozinhado. Fiquei a imaginar, no conforto do ar-condicionado do veículo onde estava, o ambiente de fome e de sede em que a dita senhora - uma notória não-cidadã - se achava, certamente ao lado dos seus filhos menores. Todos embrutecidos e abaixo da linha mínima da dignidade humana. Essa dramática situação talvez estivesse diminuída, ou mesmo eliminada, caso o Governo Federal, buscando reduzir a pobreza e as desigualdades sociais e regionais (CF, art. 3º, III), já tivesse concluído a transposição do Rio São Francisco. Suas águas, ao invés de irem para o Atlântico, estariam, literalmente, a salvar milhões de nordestinos que, como aquela senhora, sentem fome e sede brutais. E o sentem sem ter deflagrado greve! Mas não. Por conta de pressões desarrazoadas, senão desatinadas - como a feita, pasmem todos, por um Bispo católico - novamente as obras são paralisadas, agora por conta de liminar de um Juiz federal da Bahia. Sinceramente, não me comove a "greve de fome" do Bispo, cuja ânsia por celebridade é inegável. Já ao Sr. Juiz, ouso sugerir que ele prove do líquido do barreiro e reveja sua decisão. Valmir Pontes Filho - Advogado e professor de Direito
Nosso comentário no jornal O POVO de 20/12/2007
Parabéns Dr. Valmir pela lucidez e pela clareza de seu artigo. A grande pergunta é: onde estão aqueles que deveriam ser os principais defensores da transposição? Cadê a bancada do Ceará no Congresso Nacional? Será que nossos deputados e senadores estão silentes por oportunismo político ou intimidados pela greve de fome de um bispo que, movido pela paixão e não pela razão, é levado a um gesto equivocado? Quem se dispõe a fazer uma greve de fome em defesa da transposição? Esta pergunta é direcionada aos "nossos" representantes, incluindo-se aí o governador e o senador que propôs a interligação das bacias hídricas do Ceará. Vamos lá. O povo está atento, esperando um gesto de coragem e não só discursos vazios nos anos de eleição. Gilberto Telmo Sidney Marques - prof. adjunto da UECE
Gilberto Telmo Sidney Marques
Gilberto Telmo Sidney Marques
Nota: quem quiser se manifestar através do jornal O POVO on line é só clicar em:
é de graça e não doi nada
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